Muito mais que um simples toque de brilho, o gloss labial tem uma trajetória curiosa e cheia de estilo.
Esse cosmético icônico, conhecido por dar aquele efeito molhado e reluzente aos lábios, já passou por diversas transformações ao longo das décadas.
Mas você sabia que a palavra gloss tem raízes no grego antigo?
Derivada de “glōssa”, que significa “língua”, ela evoluiu até representar brilho, lustre e, mais tarde, esse item indispensável da maquiagem.
Uma origem inusitada para um produto tão moderno, não é?
Raízes históricas do gloss
O gloss labial, como o conhecemos hoje, pode ser moderno, mas a ideia de realçar os lábios com brilho é milenar.
Na Grécia Antiga, as mulheres usavam pétalas de rosa esmagadas para dar cor e um leve brilho aos lábios, em uma das primeiras tentativas conhecidas de embelezamento labial.
No Egito Antigo, Cleópatra, ícone da beleza atemporal, teria usado uma mistura de carmim de cochonilha e cera de abelha para conseguir um efeito avermelhado e reluzente.
Você pode conferir mais detalhes em nosso texto A história do batom: uma jornada de beleza, rebeldia e empoderamento.
Essas práticas ancestrais mostram que o fascínio por lábios destacados atravessa culturas e séculos, revelando a antiga busca por beleza e expressão por meio da maquiagem.
A criação do primeiro gloss moderno
O gloss labial, como produto cosmético, ganhou vida comercial em 1930, pelas mãos do lendário maquiador Max Factor, nos Estados Unidos.
Nascido Maksymilian Faktorowicz, Factor foi um verdadeiro pioneiro da indústria da beleza e criou diversos produtos revolucionários para atender às demandas do cinema em ascensão.
Mais do que uma tendência, o gloss surgiu como solução para um desafio técnico: nos filmes em preto e branco, os lábios das atrizes pareciam apagados, escuros e sem vida.
O brilho intenso do gloss labial refletia a luz das câmeras, conferindo uma aparência mais definida, sensual e luminosa — algo essencial para o impacto visual nas telonas da época.
Evolução do Gloss ao Longo das Décadas
Lançamento comercial e o controverso “X-Rated”
Em 1932, apenas dois anos após ser criado para os bastidores do cinema, Max Factor lançou o primeiro gloss labial comercial para o público.
O produto recebeu o provocante nome de X-Rated, uma escolha ousada que refletia o brilho marcante e a atitude transgressora que o cosmético oferecia aos lábios.
A nomenclatura não foi aleatória: “X-Rated” evocava algo proibido, adulto — sugerindo que o simples ato de usar brilho labial podia ser um gesto escandaloso para os padrões conservadores da época.
Essa estratégia de marketing inovadora posicionou o gloss não apenas como item de maquiagem, mas como símbolo de ousadia.
Um cosmético desejado por mulheres que queriam desafiar normas e afirmar a sua presença com atitude.
A revolução dos anos 50 e 60
Durante as décadas de 1950 e 1960, o gloss labial alcançou um novo patamar de popularidade, impulsionado por estrelas de Hollywood como Marilyn Monroe.
De item controverso, o produto passou a ser visto como sinônimo de glamour e sensualidade.
Dessa forma, passou a marcar presença em editoriais de moda e nas bocas mais icônicas do cinema.
Com o visual pin-up em alta — delineado marcado, cabelos ondulados e lábios volumosos com acabamento brilhante — o gloss se firmou como símbolo da feminilidade clássica da época.
Marcas renomadas como Revlon e Elizabeth Arden lançaram as suas próprias versões do cosmético, ampliando a presença do produto no mercado de beleza.
As fórmulas começaram a evoluir, tornando-se mais confortáveis e duradouras.
Embora a textura ainda fosse espessa e pegajosa, uma característica que só seria suavizada com o tempo.
Os anos 70 e a revolução do “Lip Smacker”
A década de 1970 marcou uma nova fase para o gloss labial, com uma inovação que conquistou o público jovem: os glosses com sabor.
Em 1973, a marca Bonne Bell lançou o icônico Lip Smacker, um gloss com aroma e gostinho de morango que rapidamente se tornou um fenômeno entre as adolescentes.
Colorido, divertido e com fragrância doce, o Lip Smacker transformou o gloss em algo acessível e lúdico.
De símbolo de sensualidade adulta, o produto passou a ser um item de maquiagem leve, colecionável e até mesmo “fofo”, ideal para a nova geração.
A linha cresceu rapidamente, trazendo dezenas de sabores inusitados, de frutas tropicais a refrigerantes famosos, e inaugurando uma era em que o gloss era tão divertido quanto estiloso.
O gloss nos anos 80 e 90
Os anos 1980 trouxeram uma explosão de cores e texturas ao universo do gloss labial.
Efeitos metálicos reluzentes, tons neon e acabamentos superbrilhantes refletiam a estética ousada da década.
Isso combinava perfeitamente com sombras vibrantes, penteados volumosos e muita atitude.
O gloss era símbolo de exuberância e diversão.
Já nos anos 1990, o mercado de cosméticos começou a se diversificar, oferecendo glosses para diferentes estilos, ocasiões e preferências.
Um marco importante desse período foi o lançamento da linha Juicy Tubes, da Lancôme, em 1999.
Com a embalagem prática em tubo, aplicador embutido, fórmula mais confortável e brilho intenso, o produto conquistou consumidores ao redor do mundo.
Dessa forma, tornou-se referência de inovação e sofisticação no segmento.
O boom dos anos 2000
Os anos 2000 marcaram o auge absoluto da popularidade do gloss labial.
Com o visual de “lábios molhados”, ultra brilhantes, com efeito vinil, estampando capas de revistas, videoclipes e tapetes vermelhos, o gloss se tornou item indispensável na nécessaire de estrelas como Britney Spears, Christina Aguilera e Paris Hilton.
Era o símbolo máximo de uma beleza divertida, glamourosa e exagerada. Quanto mais brilho, melhor!
Nessa época, surgiram inovações como os glosses plumping, que criavam efeito volumizador nos lábios, fórmulas com partículas cintilantes e versões cada vez mais hidratantes.
A MAC Cosmetics brilhou com seus Lipglasses, enquanto marcas de luxo como Dior e Chanel lançaram versões premium do produto, elevando o gloss ao patamar de objeto de desejo fashion.
Da queda ao comeback: a volta triunfal do gloss
Durante a década de 2010, o gloss labial foi deixado de lado.
Em seu lugar, os batons matte dominaram as passarelas, redes sociais e nécessaire de beleza com seus acabamentos opacos e duradouros.
O visual fosco era visto como sofisticado, enquanto o brilho intenso dos glosses foi associado a uma estética “ultrapassada”.
Mas a moda é cíclica — e o brilho voltou com tudo.
A partir de 2018, embalado pela nostalgia dos anos 90 e 2000, o gloss fez seu grande retorno.
Com fórmulas reformuladas, menos pegajosas, ultrahidratantes e com efeito glow natural, ele voltou a brilhar (literalmente).
Impulsionado por criadores de conteúdo no TikTok e no Instagram, o gloss conquistou uma nova geração e recuperou o seu lugar como símbolo de frescor, juventude e beleza leve.
Gloss labial: brilho eterno em constante reinvenção
De Cleópatra aos virais do TikTok, o gloss labial provou que seu poder vai muito além do brilho.
Ele é tendência, é memória afetiva, é símbolo de rebeldia, feminilidade e inovação.
A cada década, esse item tão versátil da maquiagem se reinventa, conquistando novas gerações com fórmulas cada vez mais tecnológicas, texturas confortáveis e acabamentos irresistíveis — do vinil ao glow natural.
E se antes o gloss era visto apenas como um toque final, hoje ele é protagonista nos looks de quem busca um visual moderno, fresh e cheio de personalidade.
Aposte em versões com brilho suave, efeito volumizador ou sabores nostálgicos — e redescubra o prazer de deixar os lábios com aquele toque de luz que nunca sai de moda.
Dúvidas Comuns sobre a História do Gloss
Quem inventou o primeiro gloss labial?
O primeiro gloss labial da história foi criado em 1930 por Max Factor, um dos maiores nomes da indústria da beleza.
Ele desenvolveu o produto especialmente para o cinema, com o objetivo de dar mais vida e brilho aos lábios das atrizes nas filmagens em preto e branco.
A invenção foi um sucesso e marcou o início da era do gloss como item indispensável na maquiagem.
Por que o primeiro gloss foi chamado de “X-Rated”?
O primeiro gloss labial comercial recebeu o nome “X-Rated” como parte de uma estratégia de marketing ousada para a época.
O termo fazia alusão a filmes com classificação indicativa para adultos, sugerindo que o brilho intenso proporcionado pelo produto era algo provocante, sensual e até escandaloso nos padrões conservadores dos anos 1930.
A escolha do nome ajudou a posicionar o gloss como um cosmético transgressor, voltado para mulheres que queriam desafiar normas e se destacar com atitude.
O gloss é mais antigo que o batom?
Não. Embora o gloss labial tenha uma história fascinante, ele é bem mais recente que o batom.
Registros históricos mostram que formas primitivas de batom já eram usadas há mais de 5 mil anos, em civilizações como o Egito Antigo e a Mesopotâmia, onde pigmentos naturais eram aplicados nos lábios como símbolo de status ou beleza.
Já o gloss, como um produto específico para dar brilho aos lábios, surgiu apenas no século XX — criado por Max Factor em 1930 para atender às necessidades do cinema.
Quando o gloss se tornou popular entre adolescentes?
O gloss labial conquistou de vez o público adolescente nos anos 1970, com o lançamento do icônico Lip Smacker da marca Bonne Bell.
Criado em 1973, foi o primeiro gloss com sabor — e logo virou febre entre jovens de todo o mundo.
Com aromas divertidos como morango e frutas tropicais, o Lip Smacker transformou o gloss em um item lúdico e colecionável.
A partir daí, o brilho labial deixou de ser apenas símbolo de sensualidade adulta e passou a fazer parte do universo teen, leve e descomplicado.
O gloss sempre foi considerado um produto feminino?
Tradicionalmente, o gloss labial foi comercializado quase exclusivamente para o público feminino, associado a símbolos de feminilidade e sensualidade.
No entanto, esse cenário vem mudando.
Nas últimas décadas, especialmente com o crescimento da maquiagem de gênero neutro e a influência de celebridades e influenciadores, o gloss passou a ser adotado também por homens.
Hoje, o uso de gloss por pessoas de todos os gêneros reflete uma nova era da beleza: mais inclusiva, livre de rótulos e voltada à expressão individual.
Qual foi o período de maior popularidade do gloss?
O auge absoluto do gloss labial aconteceu nos anos 2000.
Foi nessa época que o visual de lábios ultra brilhantes — conhecido como efeito “molhado” ou vinil — dominou a cultura pop.
Celebridades como Britney Spears, Christina Aguilera e Paris Hilton popularizaram o estilo em videoclipes, capas de revista e tapetes vermelhos.
Combinado a tendências como sombras cintilantes e glosses plumping, o gloss se tornou símbolo máximo de uma beleza divertida, glamourosa e exagerada.
Uma verdadeira febre que marcou uma geração!
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